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ENCONTRO DE EDUCADORES CATÓLICOS – Testemunho na Profissão e Missão Contemporânica de Educar (Arquidiocese de Florianópolis-SC)

“O encontro de educadores católicos é o pulsar de uma missão sagrada, onde a luz da fé e o compromisso com a educação se encontram para moldar mentes e corações rumo à verdade e ao amor incondicional.” (Diácono Ainor Francisco Lotério).

O Primeiro Encontro de Educadores Católicos da Região Norte, em Santa Catarina, destacou o testemunho vivo da fé católica na profissão, visando gerar consciência entre os professores, para que se tornem comprometidos com a construção de um mundo mais justo e solidário. 

No auditório da Paróquia São Luís Gonzaga, em Brusque, Santa Catarina, o 1º Encontro de Educadores Católicos da região Norte, pertencente à Arquidiocese de Florianópolis, foi palco de intensos debates sobre a vocação e a coerência cristã no exercício da profissão docente. Sob o tema “Professores Católicos: Testemunho na Profissão”, o evento reuniu educadores das foranias de Brusque, Tijucas, Itapema, Camboriú e Itajaí.

Tópicos que tocaram à mente e ao coração dos educadores presentes:
— professores e educadores precisam estar envolvidos com a mística da esperança;
— avalia-te: como te percebes? Como os outros te percebem como educador cristão?;
— o Evangelho não pode ser institucionalizado na instituição religiosa, pois Ele a extrapola.
— nossa Igreja é o espaço da nossa fé, mas como está sendo a nossa presença cristã na escola em que atuamos?;
— o Evangelho é a nossa busca e a abertura à transcendência, uma fraternidade integral baseada no amor pregado e vivido por Jesus Cristo;
— a realidade da educação deve trabalhar com que está acima da ideia, mas do fortalecimento dos seres humanos que desejam conhecer para além daqui.

“Pelo que nos trazem os estudos de teologia, Jesus, como educador, demonstrava uma abordagem única em suas relações pessoais e sociais. Ele utilizava parábolas (narração alegórica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior).

Os recursos que Jesus utilizava incluíam métodos de ensino oral, storytelling e a prática de ensinar por meio de experiências concretas, como seus milagres e interações diretas com as pessoas. Ele adaptava seu ensino ao contexto e às necessidades de seus ouvintes, usando linguagem simples e imagens familiares.

O Mestre da Pedagogia do Amor, por excelência, ensinava por meio de parábolas, transmitindo lições de vida e sabedoria espiritual. Na parábola dos talentos (Mateus 25:14-30), ele ilustrou a importância de utilizar os dons e habilidades que Deus nos concedeu. A parábola da árvore que não dá frutos (Lucas 13:6-9) ressalta a necessidade de produtividade espiritual. O semeador (Mateus 13:1-23) exemplifica a variedade de respostas das pessoas à mensagem divina. Na parábola da ovelha perdida (Lucas 15:3-7), Jesus revela o amor e a misericórdia de Deus ao buscar aqueles que se desviaram. E nos trabalhadores da vinha (Mateus 20:1-16), ele ensina sobre a justiça e generosidade de Deus, independentemente do momento em que se começa a servir. Essas parábolas não apenas instruem sobre aspectos espirituais, mas também oferecem valiosos princípios educacionais, destacando a importância do serviço, da responsabilidade, da perseverança e do amor ao próximo.

O encontro, marcado pela presença do professor Humberto Silvano Herrera Contreras, membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), focou na relevância do papel dos educadores católicos em meio à diversidade religiosa e ao contexto de um Estado laico. A discussão abordou a necessidade de os professores católicos exercerem sua missão de forma inclusiva, promovendo o amor ao conhecimento sem distinção de crenças.

Ao longo da história, a Igreja Católica tem desempenhado um papel significativo na promoção da educação em todo o mundo, criando escolas, universidades e desempenhando um papel fundamental na formação de pessoas. Desde a Idade Média, muitas das primeiras universidades na Europa foram fundadas por instituições religiosas, especialmente pela Igreja Católica. Por exemplo, a Universidade de Bolonha, fundada no século XI, é considerada a mais antiga universidade do mundo em operação contínua.

Além disso, ao longo dos séculos, as ordens religiosas católicas, como os jesuítas, os beneditinos, os dominicanos e outros, estabeleceram escolas e colégios em todo o mundo, desempenhando um papel crucial na educação de crianças e jovens em diversas áreas do conhecimento.

A ênfase da Igreja Católica na educação continua até os dias de hoje, com muitas escolas, universidades e instituições de ensino superior em todo o mundo ainda mantidas pela igreja ou por organizações católicas. Essas instituições frequentemente enfatizam os valores cristãos, juntamente com a excelência acadêmica, e desempenham um papel importante na formação de líderes em várias áreas da sociedade.

A missão da Igreja é estar a serviço dos povos para levá-los ao Cristo e à salvação. Ela é um redil, cuja única e necessária porta é Cristo (cfr. Jo 10,1-10). Tendo presente à concepção bíblica (cfr. Ex 6,7; Rm 11,5) e do Concílio Vaticano II que considerou atentamente a importância da educação na vida do homem e a sua influência crescente no progresso social do nosso tempo, colocando a Igreja como o povo de Deus (LG 9, 10, 13), a comunidade eclesial se situa como a grande impulsionadora na formação dos povos

“A ação pedagógica de Jesus continua relevante hoje, pois ele enfatizava valores universais como amor, compaixão, perdão e justiça. Sua abordagem centrada no aluno, baseada no exemplo e na experiência, ressoa com os princípios da educação contemporânea, que valoriza a aprendizagem significativa, a empatia e o desenvolvimento integral do indivíduo. Assim, a proposta de educação de Jesus serve como um modelo atemporal de ensino que continua a inspirar e orientar educadores em todo o mundo.”, diz o Diác. Ainor Lotério, após também relacionar o que escreveu com a IA-Inteligência Artificial.

Juntos, Educadores e Igreja, podem atuar com seu testemunho e conhecimento na transformação de vidas,  através da: a) formação de cidadãos conscientes, preparando os jovens para serem agentes de transformação social, comprometidos com a construção de um mundo mais justo e solidário;
b) do incentivo ao diálogo inter-religioso e, assim, promovendo o respeito mútuo entre diferentes crenças, construindo pontes para a paz e a compreensão num mundo que precisa se preparar cada vez mais para praticar uma educação inclusiva, incluindo a educação católica;
c) despertar a esperança para o futuro, inspirando a fé nas novas gerações, preparando-as para enfrentar os desafios do mundo com sabedoria, entendimento, solidariedade e amor.

“Valores Cristãos promovem a educação como um processo integral, que visa o desenvolvimento da pessoa humana em sua totalidade, à luz da fé e da ética cristã. Escolas e universidades católicas sempre ofereceram e oferecem ensino de excelência, formando profissionais qualificados e engajados na construção de uma sociedade mais amorosa e solidária em relação à comunidade. Precisamos zelar para que “nosso povo não seja destruído por falta de conhecimento” (Os, 4, 6)'”, diz o Diácono Ainor Francisco Lotério, que também atua como professor, palestrante e consultor educacional.

A questão do Ensino Religioso na sociedade contemporânea, frequentemente envolta em polêmicas, foi analisada à luz das diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os participantes ressaltaram a importância de disseminar informações sobre o tema sem a intenção de doutrinar os alunos, mas sim promover uma formação integral que contempla todas as áreas relevantes para a sociedade.

Uma das questões que mais preocupam é uma educação na fé voltada à Casa Comum, o nosso Planeta Terra, conforme é tratado na Carta Encíclica Laudato Si, estão relatadas no vídeo das Nações Unidas retratando o caminho da extinção adotado pela humanidade intitulado “Não escolha a extinção”.

Conforme orienta a CNBB-Conferência dos Bispos do Brasil, “a educação é primariamente de responsabilidade dos pais, advertindo o eclesiástico: “Dê muito mimo a seu filho, e ele trará surpresas desagradáveis para você; siga os caprichos dele, e ele deixará você triste” (Eclo 30,9); “Corrija seu filho e faça-o responsável, para depois você não tropeçar na insolência dele” (Eclo 30,3). A educação comporta a experiência da disciplina: “Discipline seu filho, pois nisso há esperança; não queira a morte dele” (Pv 19,18).     

 Um dos pontos destacados foi a necessidade de uma educação na fé que considere a preservação da Casa Comum, o planeta Terra, em consonância com os princípios da Carta Encíclica Laudato Si. As discussões também enfatizaram o fortalecimento da educação católica, com a promoção de ações conjuntas entre a CNBB e a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), visando a construção de um ambiente educacional rigoroso academicamente e enraizado nos valores católicos.

Portanto, “torna-se particularmente urgente oferecer aos jovens um percurso de formação escolar que não se limite à fruição individualista e instrumental de um serviço apenas em vista de um título que deve ser obtido. Além da aprendizagem dos conhecimentos, é necessário que os estudantes façam uma experiência de forte partilha com os educadores. Para uma realização positiva desta experiência, os educadores devem ser interlocutores afáveis e preparados, capazes de suscitar e orientar as melhores energias dos estudantes para a busca da verdade e do sentido da existência, uma construção positiva de si e da vida no horizonte de uma formação integral. De resto, “não é possível […] uma verdadeira educação: sem a luz da verdade”, conforme está no Documento da Congregação para a Educação Católica para os Seminários e as Instituições de Estudo, onde está ressaltada a frase: “Educar juntos na escola católica missão partilhada de pessoas consagradas e fiéis leigos”, o que faz menção aos educadores que não precisam ser ordenados, mas fiéis da Igreja e servos de Cristo.

O encontro encerrou com uma reflexão sobre o Pacto Educativo Global, iniciativa motivada pelo Papa Francisco em 2022, que busca uma educação mais aberta, inclusiva e capaz de promover a fraternidade humana. Essa ampla aliança educativa aspira formar pessoas maduras, capazes de superar divisões e reconstruir o tecido das relações para uma sociedade mais justa e solidária.

Finalizamos com a parte inicial de uma “Oração do Professor”: Senhor! Deste-me a vocação de ensinar e de ser professor. É meu compromisso educar, comunicar e espalhar sementes, nas salas de aula da escola da vida. Eu te agradeço pela missão que me confiaste e te ofereço os frutos de meu trabalho.” Há tantas outras que podem ser encontradas.’

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