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Motivação no Serviço Público: Podemos motivar os outros?

Ainor Francisco Lotério

Motivação para gerar entusiasmo e dar sentido de missão no serviço público.
Motivar é fazer andar, animar, estimular, associar-se ao que caminha e busca ser cada vez melhor.

Motivar para a missão pública é se associar àquele que quer crescer, além de inspirar beneficiários das políticas públicas no sentido de despertar potencialidades para subir e se elevar ao nível da dignidade do povo, que, em última instancia é o seu patrão.

Motivar não é apostar na força física e condicionamento mental, mas prestar atenção e cuidado aos detalhes, pois de nada resolve ser um Golias de aparência e ser derrotado em seguida por um Davi forte de essência.

Motivar tem a ver com estudar, planejar, treinar e agir com determinação e fé. Não basta seguir apenas conceitos e preceitos científicos, mas também princípios simples e naturais, muitos dos quais podem fazer um analfabeto erguer um empreendimento que doutores o deixem falir. E desses exemplos estamos fartos.

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Certamente fomos feitos para abrir caminhos com as próprias forças, romper barreiras e ultrapassar limites, mas a vitória só é plenamente saboreada quando agimos em cooperação e sob os olhares dos outros. Por isso, o fator humano é tão importante na motivação, uma vez que muito do que fazemos é para os outros, ainda mais em se tratando do serviço público.

Foto de dinâmica na palestra “Valorização do Servidor Público” em Ipiranga do Sul, RS.

Seguindo esse viés, a motivação no serviço público é aquela energia ou acelerador que movimenta a natureza humana (do servidor ou funcionário público) na busca não apenas do seu objetivo pessoal e profissional, mas da doação dos seus dons, talentos e habilidades em função do seu município e de sua cidade.

O problema é que nossos sentidos internos (visão, olfato, paladar, audição e tato) a miúde nos enganam e não controlamos perfeitamente nossas ações, daí a importância da pessoa estar motivada para o trabalho em equipe. Dentro da equipe, o sentido de missão individual deve estar somado ao objetivo que se quer dar com sua agregação ao grupo ou time de trabalho na esfera pública. Não que estejamos a defender a desconsideração das individualidades, mas apenas lembrando que a nossa adesão ao serviço público (através de concurso ou nomeação) deve produzir em nós um sentido de missão. Já não mais vamos fazer a nossa parte e pronto, mas vamos agir em função de um todo, de um plano e de uma sociedade (com todos os munícipes). 

Dinâmica das cordas: trabalho em equipe, cooperação e superação.

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UMA PESSOA PODE E DEVE MOTIVAR A OUTRA, POIS TEMOS RESPONSABILIDADES UNS COM OS OUTROS NO SERVIÇO PÚBLICO.

Todas as Teorias Motivacionais, entre elas a mais famosa, a Teoria de Maslow (veja aqui Teorias sobre a motivação no trabalho), dão ênfase aos fatores (remuneração, condições do ambiente, relações humanas, valorização e respeito, etc) que estimulam o comportamento das pessoas. Todavia, ouvimos constantemente as pessoas dizerem que “uma pessoa não motiva a outra” ou que “ninguém motiva ninguém” (ou “quem motivaria alguém que não desejaria ser motivado?”)

Ora, como isso pode conferir com a verdade se sabemos que é difícil conviver com uma pessoa mal humorada, conflituosa e negativa no ambiente de trabalho, mesmo que ela tenha boa produtividade?

A motivação no serviço público deve ser entendida como o motivo, o mover e o mover-se, enfim, o movimentar não apenas a si, mas o motor da máquina pública, que ao final não deve servir-se dela, mas servir ao povo através das políticas públicas.

A motivação sempre foi um grande desafio no serviço público, uma vez que o mesmo não entra em falência, mas apenas em crise, e seus integrantes são, normalmente, protegidos por leis de garantia do emprego ou por apadrinhamentos. As constantes mudanças nas gestões públicas, as constantes eleições e a troca de gestores, o enfrentamento de crises, entre outros fatores, fez ao longo da história eclodir um novo modelo de administrar, pautado em uma gestão gerencial. No entanto, esse modelo não logra êxito se deixar de fora um elemento importantíssimo: a gestão de pessoas. Desse modo, a motivação humana no serviço público tende a assumir um grau cada vez maior de importância quando se trabalha com a coisa pública, ou seja, estruturada por pessoas para pessoas.

Sabemos que mesmo um servidor (colaborador ou funcionário) que tenha um bom rendimento pode ser um fator negativo para a equipe, se ele for um desagregador, pois todo integrante de uma equipe deve ser um fator de soma e não de divisão.

Aos servidores públicos e gestores não basta “garantia contra a demissão”, mas é preciso dar ao seu trabalho um vigoroso e autêntico “sentido de missão”.

Já fui servidor público municipal, estadual e tive participação na gestão pública federal, além de me dedicar constantemente a estudar a virtude do bem comum, conforme pode ser visto em minha trajetória junto ao serviço público. Evidentemente que isso por si não me dá o direito de falar o que bem desejar sobre o que vem a ser motivação no serviço público. Desse modo, com o genuíno intuito de arrazoar mais o que lhes escrevo, fundamento esse singelo artigo também com a menção de alguns Textos e artigos sobre gestão pública , Temas de Palestras para a Gestão Pública, além de outras experiências profissionais na área: Ainor Lotério e a Gestão Pública.

Por isso, a motivação deve ser orientada para o tripé missão, visão e valores da corporação, seja ela pública, privada ou sociedade de pessoas. Logicamente percebe-se que motivação que falo está relacionada com os conceitos fundamentais para criação, organização e desenvolvimento empresarial.

Em minhas experiências como Gestor e profissional do serviço público, constatei que é possível um servidor motivar o outro. Quer saber como? Confira algumas dicas que preparamos para você:
– Considerar cada pessoa na sua dimensão profissional, possibilitando com que ele expresse toda a sua capacidade e dons em seu trabalho.
– Reconhecer seus avanços e contribuições sempre que eles ocorrerem, pois aquilo que cada um é e pode se tornar faz grande diferença no trabalho do grupo, fazendo cada um entender que “homem algum é uma ilha”(Thomas Merton).
– Não dar elogios desmedidos, ou seja, acima do que ele merece, evitando assim demonstrar preferências pessoais, o que é muito comum na gestão pública, muitas vezes recheada de apadrinhamentos e disputas eleitorais.
– Tratar a todos com distinção e igualdade, mesmo que não pertençam ao mesmo partido ou departamento de trabalho, pois todos trabalham para um só erário e mesma população.
– Promover o equilíbrio e a harmonia no ambiente laboral, onde todos possam trabalhar com alegria e se expressar com saudável bom humor.
– Incentivar o equilíbrio nas relações familiares, através de eventos de sensibilização e valorização dos familiares dos servidores, de modos que todos se sintam bem, pois somos o que somos também a partir do lar.
– Considerar o bem-estar físico e as condições de trabalho como fatores básicos para a saúde do servidor.
– Apostar não apenas na fora física mas no preparo intelectual, emocional e espiritual de cada colaborador.
– Adotar, principalmente os gestores, coordenadores e líderes de políticas públicas o viés da positividade em suas posturas, pois “Quem vive dizendo que as coisas vão piorar, tem grande chance de se tornar um profeta”.
(Esaac B. Singer).
– Adotar uma postura proativa e sempre emanar pensamentos positivos, comunicar-se com palavras pensadas e ser portador de atitudes voluntárias.

– Direcionando sempre a atenção para: o cuidado de si, o cuidado com o outro e o cuidado com todos.
– Trabalhar muito em equipe, onde a partilha de dons e qualidades faz com que um se beneficia do outro sem perder sua identidade.
– Agir com profissionalismo e sentimento de pertencimento, tendo sempre na face uma clara expressão de “pode contar comigo!”.

A motivação orientada para o serviço público não é um processo egoísta, mas de genuíno altruísmo, pois o que mais nos realiza é o serviço ao outro e não a locupletação dos nossos próprios interesses. 

Motivar é dar a chance de cada um lutar pelo que há de melhor para si e para o povo, de modo que possa expressar todos os seus dons e o verdadeiro amor pelo serviço.

A generosidade e a partilha são fontes de vida e sinais de mesa farta para todos. Só o serviço ao próximo, desinteressado, é que confirma que estamos seguindo o chamado de verdadeiros servidores públicos, imbuídos na arte e virtude do bem comum. Respeitando o erário e o povo e não aceitando, de maneira alguma, o que não é ético, o que é amoral e tudo aquilo que não revela amor à pátria brasileira.

Louvo a Deus por todos os dedicados servidores que ainda temos, apesar de tantos problemas e desvios de conduta de homens públicos, que muito mais cuidam dos seus interesses e pouco se dedicam à comunidade.

Motivar com consciência faz a diferença!