Uma gestão eficaz está sempre sintonizada às mudanças do seu tempo, de modo a conduzir todo o corpo cooperativo à obtenção de resultados positivos. Para tanto, tem em vista conduzir os liderados ao aprendizado fundamental, ao mesmo tempo, em que procura alargar sua visão.
Veja também
– História Cooperativista do Autor
– Temas de palestras sobre Cooperativismo
Visando uma reflexão sobre percepção de mudanças e construção de resultados cooperativos, abaixo anotamos alguns pontos para reflexão:
- O fenômeno da cooperação como ferramenta de aprendizagem e desenvolvimento da sociedade.
O desenvolvimento da doutrina cooperativista, seus princípios e suas contradições refletem o grande desafio do cooperativismo que é conciliar os objetivos sociais e econômicos de seus sócios numa empresa, da qual seus sócios são donos e usuários. Não faz sentido que a cooperativa seja próspera e seus associados não usufruam dos benefícios dessa prosperidade. O responsável por essa função em cooperativas deve buscar o equilíbrio entre a saúde financeira da instituição e a necessidade de transferir os benefícios de sua atuação aos sócios. Para tanto, não existem fórmulas prontas.
- Mundo em transformação e educação cooperativista
A educação corporativa assume importância com a rápida e até certo ponto caótica globalização do mundo. Isso faz com que se mudem as perspectivas de carreira profissional e a maneira de gerir todos os negócios e propriedades, inclusive com reflexos na família.
Não podemos mais olhar as tarefas, exigidas de dirigentes colaboradores e associadas, sempre da mesma maneira. Fugir do tradicional é necessário se quisermos ter sucesso na tarefa de aconselhar, fiscalizar, treinar e desenvolver pessoas, de modo que se sintam bem e produzam resultados para as cooperativas.
- As cooperativas precisam dar espetáculo
As cooperativas de sucesso sabem que os associados estão cada vez mais exigentes. Compreendem que as situações que envolvem seus associados e clientes (também os familiares) marcantemente, conectando-se a eles com estilo pessoal e memorável, oferecendo produtos e serviços de alta qualidade a preço competitivo. Também buscam identificar e realizar os sonhos dos associados e clientes, familiarizando-se com o imaginário deles.
Na era do espetáculo, o trabalho dos funcionários da cooperativa não pode deixar de ser considerado, ao consistir em representar um papel que visa encantar os associados e clientes e criar sensações memoráveis para eles. Em vez de “empregados contratados para um cargo” precisam começar a pensar em “um elenco cooperativo que desempenha papéis decisivos”.
- Quatro razões que viabilizam empreendimentos cooperativos
Primeira razão: capacidade de competição no mercado que as cooperativas possuem, mesmo não sendo capitalistas, uma vez que dispõe de autonomia produtiva, princípio defendido pelo mercado e, simultaneamente, o rechaço pelas formas de economia centralizada, tanto do mercado como do próprio movimento cooperativista de produção.
Segunda razão: capacidade que as cooperativas possuem em responder eficientemente diante das regras de mercado; compromisso com a educação dos membros da cooperativa–para lhes facultar uma participação efetiva; a cooperação.
Terceira razão: está no fato de que cooperativas promovem a distribuição igualitária de bens e serviços, conduzindo a coletividade à redução de desigualdades sociais.
Quarta razão: cooperativas operam com base na autogestão, conclamando a todos à participação e à gestão democrática empresarial, determinando a emancipação e a libertação dos indivíduos, reduzindo, em tese, as divisões sociais construídas em economias centralizadas.
- Sete princípios (ou linhas) que orientam o cooperativismo
Os sete princípios do cooperativismo são as linhas orientadoras por meio das quais as cooperativas levam os seus valores à prática. Foram aprovados e utilizados na época em que foi fundada a primeira cooperativa do mundo, na Inglaterra, em 1844. São eles:
1º – Adesão voluntária e livre – pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros.
2º — Gestão democrática — controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões.
3º — Participação econômica dos membros — os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e são donos financeiros.
4º — Autonomia e independência — as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros, os quais são representados pela liderança.
5º — Educação, formação e informação — as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
6º — Inter cooperação — fortalecem o movimento cooperativo trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
7º — Interesse pela comunidade — as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades mediante políticas aprovadas pelos membros.
- Sobrevivência, competitividade e gestão profissional das cooperativas.
Para ajustar suas estruturas à realidade, as cooperativas estão migrando de um comportamento defensivo, característico dos anos 70 e 80, para uma atuação mais agressiva nos mercados finais, por força dos altos níveis de competitividade exigidos pelos novos mercados.
O amadorismo, a improvisação, a tendência ao paternalismo e ao empreguismo, as rivalidades internas e interferências políticas conduzem a acentuadas divergências administrativas, com prejuízos ao desempenho organizacional. A empresa cooperativista terá, portanto, de modificar sua postura no mercado na busca de vantagens competitivas que garantam a sua sobrevivência futura.
A implementação de planos de desenvolvimento humano, profissional e empresarial tornam-se cada vez mais necessários.